quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Malacada e Pauline Alencar no Orákulo!


sexta-feira, 29 de maio de 2009

a carne

Caros leitores,

seguindo meu intuito de publicar neste blog ao menos um texto por mês, é chegado o momento, no finzinho do segundo tempo, de escrever.

É... posso contar um pouco do que vivi neste tempo sem postagem.

Instalei o Linux Ubuntu no PC, e por causa dele atrasei minha vida virtual. O sistema é forte, seguro, leve e livre, mas para concorrer com o Windows ainda acho que há muito chão.

Este ano tomei como meta me aprofundar nos estudos do meu instrumento musical, o cavaquinho (ou cavaco, como queiram). Estou estudando com Wellington Pinheiro, um cara que até com Yamandu Costa já tocou. E pra tocar com Yamandu não é qualquer Chimbinha, viu? O método utilizado nas aulas tem sido a tablatura, para aumentar meu repertório "solístico". A tablatura funciona de uma maneira muito diferente da partitura, vez que nesta não há necessidade de se conhecer previamente a peça a ser executada. Não sei se existe uma tablatura padrão, com códigos específicos para indicar os elementos. É uma bom pretexto para uma pesquisa.

Continuo estudando Comunicação Social. Acredito que boa parte dos estudantes do curso tem uma mentalidade de ensino médio, por assim dizer. Isto porque não vejo muita movimentação na busca de extensão e pesquisa nem participação maciça nas lutas políticas ou filosóficas. Enfim, muitos não se sentem produtores de conhecimento, ainda estão no "esquema de escola, cinema, clube e televisão" (Renato Russo). Vejo pessoas conversando e olhando orkut e MSN durante as aulas. Vejo professores se degladiando, capricho de egos inflados. Vejo servidores técnicos desmotivados, sem sentido... E agora veio a chuva, alagando toda inércia daquele bloco. Será que acordaremos desta vez?

Comprei um livro intitulado O Vazio da Máquina, de Andŕe Cancian. O autor é de Catanduva, São Paulo. Ele mantém um site (ateus.net) com textos que acompanho desde minha adolescência. O Vazio da Máquina é um soco no estômago de quem se acha muito importante por ser gente.

O chorinho do Grupo Confraria Alagoana do Choro, no Orákulo, outra vez me surpreendeu. Se pudesse iria todos os sábados. Já dei uma canja lá, a convite do meu professor Wellington. O nível dos músicos é elevado. Eles tocam todos os sábados, há oito anos, caminhando para nove. Isso é que é sucesso! Mas infelizmente Maceió ainda não consegue ser um centro artístico de criação e divulgação. Por isso, as músicas tocadas pelo Confraria Alagoana do Choro são as distribuídas pelo eixo Rio-São Paulo.

Como neste texto há música e comunicação, mato dois coelhos numa cajadada só e o publico em meus dois blogs.

Sempre lembrando que “a carne mais barata do mercado é a carne negra” (Seu Jorge, Marcelo Yuca E Wilson Capellette)!

domingo, 19 de abril de 2009

O QUE HÁ DE BOM NA TV?

A televisão está presente de forma maciça nos lares de todo o planeta Terra. Já virou praxe um pai de família chegar do trabalho e ligar o aparelho para acompanhar um telejornal ou uma telenovela, assim como as donas de casa gastam uma grande quantidade de horas assistindo a programas de culinária e seriados. As crianças não escapam das teias da TV, sendo bombardeadas todos os dias com dezenas de anúncios publicitários e desenhos animados com temática violenta. Por isto é preciso uma reflexão crítica sobre a televisão.

Para Pierre Bourdieu, a televisão provoca uma “despolitização trágica”, além de promover uma lavagem cerebral e de ser um instrumento antidemocrático. E, quando analisamos atentamente os canais de TV aberta no Brasil, por exemplo, observamos que Bourdieu está com a razão. Canais de grande audiência, como Globo, Record e Band, trazem na sua grade telenovelas nas quais encontramos preconceito, hipocrisia e futilidade, que gera despolitização na sociedade. A lavagem cerebral se dá nos programas de auditório, onde desfilam apresentadores e “especialistas” nos mais diversos assuntos que ditam o modo de viver. A televisão é um instrumento antidemocrático por que não permite a manifestação de um número grande de vozes da sociedade organizada.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

RESENHA - MERA COINCIDÊNCIA

O filme Mera Coincidência, dirigido por Barry Levinson e estrelado por Robert de Niro e Dustin Hoffman, é uma ficção que traz a história de uma disputa eleitoral nos Estado Unidos, na qual o atual presidente é o favorito para a reeleição. Poucos dias antes do pleito, surge um escândalo sexual envolvendo o presidente. Logo, sua primeira assessora, Winifred Ames (interpretada por Anne Heche), precisa arrumar a situação para que o presidente não perca as eleições.

Ames chama um dos grandes profissionais de marketing, Conrad Bream (Robert De Niro), para lhe ajudar na missão. A solução a que chegaram é que deviam criar uma guerra, para poder desviar a atenção da mídia e dos cidadãos do escândalo sexual até o dia das eleições.

Aí começa toda a graça do filme, pois, depois de algumas idéias, surge a de criar uma guerra contra a Albânia, por mais que na realidade nenhum albanês sequer estivesse sendo hostil aos americanos. Para produzir esta mentira, chama-se um produtor de Hollywood, Stanley Moss, interpretado por Dustin Hoffman.

Muito interessante ver como as mentiras vão sendo inventadas, sem nenhum pudor, na intenção de fabricar a guerra contra a Albânia. Por mais que as dificuldades surjam, os personagens sempre encontram uma forma de inventar outra mentira e assim fazer com que tudo permaneça na mais pura verdade.

Há uma cena marcante, filmada num estúdio, de uma moça americana, fazendo as vezes de uma albanesa, correndo em apuros, como se fosse uma refugiada de guerra. Depois os produtores editam as imagens, colocando prédios em ruínas, pontes destruídas, fumaça, e tudo o que faça lembrar uma guerra.

O personagem de De Niro, o super marketeiro, sempre diz que o que passa na televisão é verdade, por mais que ele próprio seja o idealizador das mentiras. Mas sempre diz: “Deu na TV”. É aí que se encontra o ponto chave do filme, a discussão que pode haver entre a realidade concreta e a realidade criada pela mídia.

Existe uma teoria que afirma piamente que o homem não foi à lua. Segundo este pensamento, tudo foi criação em estúdio dos americanos, para sair na frente na corrida espacial ante a União Soviética. Nesta comédia Mera Coincidência, vemos a possibilidade de se criar uma verdadeira guerra, com direito a herói de guerra, refugiados, bombas, fogo, e o principal, a veiculação da guerra pela mídia. No filme, de nada adiantava criar todas as mentiras se estas não fossem veiculadas nos grandes meios de comunicação.

Se o homem foi à lua? Agora fica difícil de saber.

FICHA TÉCNICA:

MERA COINCIDÊNCIA

Título Original: Wag the Dog
País de Origem: EUA
Ano: 1997
Duração: 97min
Diretor: Barry Levinson.
Elenco: Robert De Niro, Dustin Hoffman e Anne Heche.

(FONTE DA FICHA TÉCNICA: http://www.terra.com.br/cinema/comedia/wagthedog.htm)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Tinham várias índias no meio do caminho!

Enviei a seguinte mensagem para meu querido professor José Edson Falcão:
"Caro Professor José Edson,
   Segue anexo texto para que o senhor analise a possibilidade de publicá-lo na AUN.
   A propósito, como o senhor está acompanhando a novela da Globo que fala sobre a Índia?
   Abraço!

Salomão Miranda"

A pergunta sobre "Caminho das Índias" se deve ao fato do professor Edson Falcão ser hinduísta e grande conhecedor da cultura indiana. Estava esperando uma resposta curta, mas leiam a "aula", editada para melhor entendimento geral:

"Caro Salomão,
 
É um prazer falar com vc e veicular seus trabalhos jornalísticos - isto enquanto ainda for aluno. O seu texto vai entrar ainda hoje como "comentário" na AUN [Agência Universitária de Notícias (www.ichca.ufal.br/aun)].
 
Quanto à novela Caminhos da Índia, estou acompanhando sim. Acho importante porque enfoca o Hinduísmo, que é o meu Sanatana-Dharma (não usamos a palavra religião, porque religião significa religar - do Latin religare). Entendem os Grandes Mestres Espirituais que nunca houve, em um tempo algum, rompimento do vínculo entre a divindade criadora (Brahman) e a criatura (Jiva - que é a alma imortal). Sempre que há perigo desse rompimento, um Avatar (encarnação divinda - a exemplo de Bhuda, Jesus, Alah, etc) descende ao mundo material (não só à Terra, mas todo o universo manifesto criado pelo Senhor Bhahma) para revitalizar essa relação.
 
É claro que há muitos equívos na novela, mas que não chegam a desvirtuar o conceito de Hinduísmo, os quais apontá-los somente o faria num encontro pessoal. Um deles é como está sendo enfocado o sistema de castas -brahmanaskshatriyasvaishyas e os shudras - como se não houvesse reação da intelectualidade indiana a ele. Enfim, a modernidade, com a Globalização, também chegou à "Grande Bharata", como os indianos denominam sua pátria.
 
Na Índia, existem três correntes do Hinduísmo: o brahmanismo, o vaishnavismo e o shivaísmo. São três maneiras de se relacionar com a Divindade, baseado em seus três aspectos (conhecido como Trimurti): o Deus Criador (Brahma), o Deus Perpetuador da Criação (Vishnu - que representa o Pai Eterno na Trindade Cristã) e o Deus Destruidor (Shiva). Na verdade não são três Deuses, porém Um, adorado em seus três aspectos, por si só o responsavel pela criação do mundo material e espiritual, por sua preservação e destruição (toda matéria tem seu fim, menos a alma imortal, Jiva, que sempre existiu em sua individualidade e existirá eternamente). Portanto, 1 bilhão e 100 milhões de hinduístas na Índia se dividem entre essas três correntes mencionadas - o restante 100  milhões são adeptos das religiões surfis, islâmicas, cristãs, budistas, sirkhis, etc. Os conceitos filosóficos-dhármicos são os memos, todos baseados nos preceitos védios, que é a base na qual se estruturou a sociedade indiana até os dias de hoje.
 
A Rede Globo produziu Estrela Guia (folhetim das 19h) - você lembra, protagonizada por Sandi, num dos papéis principais? Nessa novela, foi abordado o aspecto vishuísta do Hinduísmo (com o qual me identifico, como brahmana vaishnava que sou), ou seja, os ícones, os mantras cantados, os rituais devocionais (danças e cerimônias), os personagens foram calcados nessa segunda corrente hinduísta.
 
Já na atual Caminhos  da Índia, a produção não quis repetir a fórmula (penso eu) e, por isso, Glória Perez traz na sua trama personagens e famílias que são shivaístas. Os ícones que mostram são ShivaGanesha (o semideus com cabela de elefante), Kali, Dhurga, etc. Respeitamos, porém, todas essas divindades (eu até as tenho em meu altar), até porque Shiva é o protetor dos nosso templos; Ganesha (filho de Shiva e Pavarti), é a encarnação literária da Divindade: ouvindo de um sábio a narrativa do Mahabharata (a grande epopéia indiana na qual se encontra a "bíblia indiana", o Bhagavad-Gita, que significa "A Canção do Senhor") ele o compilou em sânscrito (idioma principal da Índia do qual se derivam vários outros idiomas e dialetos, mãe de todas as linguas indoeuropéias) há 5.000.
 
É isso, meu caro Salomão. Procurei sintetizar o que acho da novela atendendo à sua solicitação. Nada é perfeito, mas no aspecto cultural ela dá uma grande contribuição ao brasileiro e a outros povos em cujos países Caminho das Índias será distribuído pela Globo, que não conhecem o Hinduísmo. Mesmo com algumas distorções...
 
Já enviei pra vc e volto a enviar o endereço do site de nosso preceptor em São Paulo, Bhuvana Mohanda, com o qual vc poderá fazer questionamentos sobre a cultura védica (e falar até da novela - ele já a aborda com relação às cremações), e no qual vc tem logo abaixo, na página inicial, dois links: um para o nosso math no Brasil (é escrito em portugês) e outro para o Sri Caitanya Sarasvat Math na Índia (site em inglês), onde mora o nosso Guru Srila Govinda Maharaj. Vale a pena vc acessar, como jornalista que já é e como amante da cultura em geral. É um mundo de sensações, cores e sons incríveis! Trata-se do www.bhuvana.com.br/. Acesse-o e confira.
 
Grato pela mensagem.
 
E um afetuoso abraço do seu amigo,
 
Edson Falcão"

Muito obrigado professor!